7 de janeiro de 2013

Aventura na madrugada

Ilustração por Mara Solange Menna

Madrinha e Limão,apelidos carinhosos destes personagens reais,em ambos sentidos,de realeza de caráter e bondade e reais pois fazem ainda parte do meu cotidiano com suas influencias aqui deixadas .Atualmente moram em outras galáxias,mas já habitaram uma pequena cidade ,quase que província .
Eram unidos por um amor tão grande que ultrapassava o carinho que conhecemos entre mãe e filho.
Um dos muitos casos deste cotidiano vou relatar como presenciei ,apesar da minha pouca idade na época do acontecido .
Limão trabalhava na cidade grande ,cerca de 100 quilômetros da província. Era casado e vivia simplesmente em uma casinha ,vizinho de sua querida mãe,Madrinha.
Mesmo chegando diariamente as 10 horas da noite ,do trabalho ,vindo de trem ,ela ficava na janela espiando com alguma "coisinha"apetitosa para ele jantar.E corria entregando o pacotinho por cima da cerca,para depois se deitar .
As 3 horas da manhã ele se levantava para tomar o trem que passava as 4 horas ,uma rotina estafante,mas nunca ouvimos uma queixa,e Madrinha acordava junto em sua casa vizinha e ficava na janela até ele sumir de sua vista. 
Uma madrugada ele saiu e ela viu uma boiada( centenas de bois) correndo desabaladamente ,atropelando quem encontrasse pela frente.
Soubemos depois que um trem de carga ,descarrilhou e tombou na pequena estação,e centenas de bois feridos ou não escaparam e ferozes como toda fera ferida corriam sem rumo pela rua estreita ,onde Limão deveria descer em sentido contrário .
Madrinha não esperou um segundo ,arrastando seus pés cansados nos velhos chinelos foi ao encalço de seu filho primogenito.
Eu espiava pelas frestas da janela ,com medo daquele alvoroço,e rezava para o Criador ,dando sua proteção.
Só conseguia ver a cabecinha da Madrinha "toureando"aqueles animais em busca de Limão.
Soube horas mais tarde ,ainda rezando e com minha calçola cheirando urina (de pavor),quando eles chegaram estropiados ,pois ela o encontrou tentando ajudar os passageiros feridos e para fugir da manada ,ele muitas vezes precisou subir em portões ou janelas.Madrinha não fez isso ,foi rezando ,como de hábito ,enfrentando os animais enfurecidos até encontrar seu primogênito.
Levou uma "bronca"de Limão ,por ter arriscado sua vida,sabendo que tinha uma "penca" de filhos menores para cuidar,mas como sempre não se importou,sua cria mais velha estava a salvo.
Madrinha,Limão responsáveis por eu ser como sou,obrigado.Valeu a pena,e como diz o poeta "tudo vale a pena ,quando a alma não é pequena".
Lucia Marina Rodrigues
calçola-usado para roupa de baixo em tamanho grande




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