21 de julho de 2018

Você pode controlar o corpo,mas não o coração.

Art T.Lovell

O Parto da Montanha



O Parto da Montanha
Sou obstetra. Quando acompanho um nascimento, o feto no primeiro parto, faz um trajeto que pode durar cerca de 10 a 12 horas. Ele está dentro do útero, envolto em líquido e terá que sair através de um canal difícil e limitado, tendo alguns pontos estreitos para ultrapassar. Os ossos da bacia são duros como pedra.  É empurrado para frente pela contração uterina . Respira por um cordão e seus pulmões são a placenta.
No final, chega ao mundo exterior, para a luz. Já pode respirar sozinho sem a placenta. Acompanho tudo e sou o responsável pelo resultado. Tenho que vigiar seu bem estar e evitar complicações.
Na Tailândia, algo semelhante aconteceu com os meninos e seu treinador, presos em uma caverna inundada como se fosse o útero. Foram levados à frente pelos mergulhadores, tal como a contração uterina. O cilindro de oxigênio era a placenta.  O túnel longo e as pedras duras como ossos. Vários pontos estreitados também dificultavam a travessia.  Mas venceram o trajeto e vieram para a luz, respirando agora livremente. As várias possibilidades de insucesso não aconteceram e muitos acontecimentos se complementaram para o desfecho favorável. Não foram meras coincidências, pois tinham sempre o mesmo propósito.
Isto me permitiu identificar o obstetra: Deus. .Exultei com a retirada de todos em segurança  e mais ainda pela confirmação  de que eu já sabia :ELE existe.

Texto Edgard Steffen é médico pediatra
Jornal Cruzeiro do Sul -21/07/2018

Photo - Y.Kramer

Veneza -Itália