O Parto da Montanha
Sou
obstetra. Quando acompanho um nascimento, o feto no primeiro parto, faz um
trajeto que pode durar cerca de 10 a 12 horas. Ele está dentro do útero,
envolto em líquido e terá que sair através de um canal difícil e limitado,
tendo alguns pontos estreitos para ultrapassar. Os ossos da bacia são duros
como pedra. É empurrado para frente pela
contração uterina . Respira por um cordão e seus pulmões são a placenta.
No final, chega
ao mundo exterior, para a luz. Já pode respirar sozinho sem a placenta.
Acompanho tudo e sou o responsável pelo resultado. Tenho que vigiar seu bem
estar e evitar complicações.
Na
Tailândia, algo semelhante aconteceu com os meninos e seu treinador, presos em
uma caverna inundada como se fosse o útero. Foram levados à frente pelos
mergulhadores, tal como a contração uterina. O cilindro de oxigênio era a
placenta. O túnel longo e as pedras duras
como ossos. Vários pontos estreitados também dificultavam a travessia. Mas venceram o trajeto e vieram para a luz,
respirando agora livremente. As várias possibilidades de insucesso não
aconteceram e muitos acontecimentos se complementaram para o desfecho
favorável. Não foram meras coincidências, pois tinham sempre o mesmo propósito.
Isto me
permitiu identificar o obstetra: Deus. .Exultei com a retirada de todos em
segurança e mais ainda pela
confirmação de que eu já sabia :ELE
existe.
Texto Edgard
Steffen é médico pediatra
Jornal
Cruzeiro do Sul -21/07/2018
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