10 de janeiro de 2013

Alzira Seischi

Ilustração por Mara Solange Menna

Mulher caridosa,retirava comida de sua boca para ajudar os mais necessitados,e eram muitos .Todos a chamavam de Madrinha.Em sua casa havia fila de mendigos pedindo um prato de comida ,e não sei como ela conseguia dividir o que tínhamos.
Mas prefiro lembrar coisas mais alegres como por exemplo:sempre admirava sua irmã que usava calças compridas ,mas tinha vergonha pois achava que salientava seu corpo. 
Quando eu contava que tinha que dirigir pela Marginal(vias rápidas ao lado do rio,construídas para desafogar o trânsito)ela me perguntava :mas você está dirigindo onde moram os marginais? E eu explicava mas acho que ela não conseguia entender.
Também quando eu contava que alguma colega passou a noite com o namorado no motel,ela não conseguia entender  ,e eu respondia:Mama não fica preocupada ,motel é apenas um hotel de estrada(no Brasil motel é usado apenas para namorar,diferente por exemplo de outros países em que são realmente locais para se dormir )
Quando sabia que eu tinha conhecido alguém ,já fazia planos de casamento e perguntava se era algum príncipe.
E eu respondia:pode ser ,pode ser ,vamos ver.
Essa mulher maravilhosa ,de origem polonesa,humilde ,caridosa,amada por todos ,com uma pele macia como pêssego,casou a primeira vez com um descendente de sírios,e depois viúva com quatro filhos casou com um rapaz solteiro ,moreno faceiro ,mais jovem o qual tiveram quatro filhos. e mais uma vez ficou viúva.Mas sempre esses oito irmão foram criados com edução por uma mão firme ,mas regida por uma bondade infinita dessa mulher que deixou saudades .
Para encerrar ,me lembro que no seu velório havia muitos moradores de rua e mendigos que choravam copiosamente em cima de seu caixão lamuriando:o que será de nossa vida agora ,quem cuidará de nós ,nossa Madrinha morreu . 
Essa Mulher ,foi única!
Lucia Marina Rodrigues


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