16 de maio de 2015

DINNER WITH ALAIN DELON

ALAIN DELON DINNER

Finalmente ele me convidou para um encontro.
Depois de dois anos trocando mensagens pelo computador eu iria me encontrar com ele, que usava o nome de Alain Delon (o artista de cinema francês).
Eu tinha uma passagem que a empresa onde trabalho me deu. Fiz um upgrade e troquei por primeira classe,afinal o acontecimento merecia .
Eu apaixonadíssima, mas um pouco receosa, pois afinal lemos nos jornais notícias nada boas destes encontros por computadores.
Uma amiga me incentivou, pois casou se com uma pessoa que conheceu por computador.
Resolvi usufruir tudo que o vôo de primeira classe proporciona e desci no aeroporto da França, mais maravilhosa do que nunca.
Preocupei-me desde o dedinho do pé até o último fio de cabelo.
Fui me hospedar no elegante hotel Ritz onde marcamos um jantar (exigência minha) que ele prontamente atendeu.
O jantar seria às 20hs e eu passei o dia ansioso e sem descansar. Quando olhei no espelho enxerguei uma garota com os olhos brilhantes e trêmula de ansiedade.
Quando bateram na porta do quarto havia uma mensagem com rosas vermelhas me pedindo para me encontrar em sua suíte.
Eu refleti de todos os perigos e resolvi ir. Qualquer coisa errada, eu me jogaria pelas janelas do hotel.
Quando cheguei à suíte havia uma mesa muito arrumada com champagne, patês, flores, cristais etc..
Mas e o Alain Delon da minha vida?
De repente um computador ligado e uma cadeira em frente do computador giraram e surgiu meu “Alain Delon”: era um homem franzino, branco, como alguém que nunca viu a luz do sol, usava um moletom e óculos de grau muito forte.
Abraçou-me e beijou e falando em francês dizia que me amava e eu era a mulher de sua vida.
Educadamente eu terminei o jantar e pouco falei, pois ele só sabia falar de internet.
Despedi daquele estranho homem, que usava o pseudônimo de Alain Delon, e colocava foto do famoso ator.
Ficamos de nos ver, no hotel, no dia seguinte nesse horário eu estava na primeira classe novamente, mas agora com uma sensação de perda, de tristeza, pois durante todo o tempo de correspondência eu fui me apaixonando. Senti que perdi meu tempo.
Agora, depois de um tempo ausente da internet voltei novamente. Mas só escolho pessoas que realmente colocam sua foto, recente e normal, feio ou bonito não importa, mas real.
O homem e mulher virtual são perfeitos, e eu quero encontrar um real.
Estudando na faculdade, aprendi que a nova doença, e que exige um longo tratamento, são pessoas que vivem no mundo virtual, muito tempo, e não conseguem mais se adaptar a linguagem da realidade.
Não fiquei triste, só perdi meu tempo, e o Alain Delon.



Mini conto fictício por Lúcia Marina Rodrigues

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