Eu ( Preparando para a Última Dança) |
A pedido de uma amiga fui ajudá-la na pesquisa sobre a
terceira idade.
Não gosto desta palavra,talvez devessemos usar dezoitos anos,
que podem ser vários, para os maiores de 60anos.
Como já estudei na Aliança Francesa e devido ao meu trabalho
e gostar do idioma resolvi pesquisar os frequentadores da aula de francês da Universidade
de Terceira Idade.
Fui de jeans e camiseta com tênis. Sentei-me na primeira
fileira próximo a janela e na ponta oposta um homem forte, mais para gordo,
sentou na ponta da mesma fileira. Deveria ter cerca de 40-50 anos.
Quando as alunas começaram a chegar alegres e faceiras
fiquei surpresa, pois todas estavam bem vestidas e com o rosto maquiado, e eu
de cara lavada sem nenhuma pintura!
Eu esperava encontrar senhoras quietas e tímidas ,mas
elas conversavam ,brincavam como adolescentes em aula.
A aula sempre iniciava com a música L’ AMOUR EST FOU (O
AMOR É LOUCO)
Era a o momento que eu mais gostava, pois sabia a
tradução e posso dizer que o amor é louco!
Esse treinamento era para a festa do final de ano.
Recordei da expressão “je suis dèsolè” que usamos quando
queremos algo ou alguém e não conseguimos ter.
Todas as aulas o médico (o senhor da outra ponta) olhava
para meu lado e resmungava... je suis dèsolè . Tudo que eu falava... je suis
dèsolè .
Quando a professora me perguntou se eu me correspondia
pela internet com algum francês, antes de eu responder ele resmungava... je
suis dèsolè.
Mas, o que me deixou surpresa foi na terceira aula quando comentei com a professora que a aula era uma bagunça, metade da aula era repetição e
quase não havia avanço na matéria.
E ela, uma conceituada professora local, respondeu... essas
pessoas vão viajar ,mas não precisam
saber francês ,elas frequentam a
universidade para arranjar namorado .
Eu fiquei surpresa e entendi o porquê de elas se vestirem
muito arrumadas, maquiadas.
E eu fiquei com o médico como colega, pois ele estava ali
para treinar o francês para participar de um congresso.
No meio do ano houve um baile, com o pessoal da classe e
o médico me convidou.
Eu pensei, pensei e achei deselegante não aceitar por
sermos colegas de classe.
No dia do baile, eu caprichei no vestuário etc.
percebi que ele não era meu tipo físico, mas tinha uma conversa agradável.
E enquanto dançávamos todas músicas, e eu muito feliz, ele me disse...
que sabia que eu não queria ir ,que ele não era meu tipo ,mas me deu uma
lição que guardei no meu coração ... Você (eu) está se guardando ou reprimindo
seu desejo de ser feliz, de dançar, de amar, reservando a última dança para alguém.
E continuou... A SUA ÚLTIMA DANÇA PODE SER HOJE ! DIVIRTA SE!
E eu dancei antigos e novos sucessos e notei o porquê das
minhas colegas de classe estarem tão felizes.
Não podemos saber ou prever quando será nossa" Ultima Dança "((em todos os sentidos, se é que vocês me entendem), porque não sabemos o que
acontecerá amanhã.
Vamos viver e fazer nossa “Ultima dança” hoje, agora se
possível.
Uma semana depois meu parceiro de dança morreu no voo
para Paris.
(Conto ficção Lúcia Marina Rodrigues)
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