Fotografia por Rodrigo Moura
BRUXA , ESSA
ESTRANHA GENTE!!
É gente de
conteúdo interno que transcende a compreensão medíocre, simplória.
É gente que tem idealismo na alma e no coração, que traz
nos olhos a luz do amanhecer e a serenidade do ocaso.
Tem os dois pés no chão
da realidade.
É gente que ri, chora, se emociona com uma simples carta,
um telefonema, uma canção suave, um bom filme, um bom livro, um gesto de
carinho, um abraço, um afago.
É gente que ama e curte saudades, gosta de amigos,
cultiva flores, ama os animais.
Admira paisagens.
Poeira traz lembranças de
chão curtido de sonhos passados.
Escuta o som dos ventos.
Dança a dança do
mundo pelo simples prazer de dançar.
É gente que tem tempo para sorrir bondade, semear perdão,
repartir ternura, compartilhar vivências e dar espaço para as emoções dentro de
si.
Emoções que fluem naturalmente de dentro de seu ser!
É gente que gosta de fazer as coisas que gosta, sem fugir
de compromissos difíceis e inadiáveis, por mais desgastantes que sejam.
Gente
que semeia, colhe, orienta, se entende, aconselha, busca a verdade e quer
sempre aprender, mesmo que seja de uma criança, de um pobre, de um analfabeto.
É gente muito estranha as Bruxas.
Gente de coração
desarmado, sem ódio e preconceitos baratos.
Gente que fala com plantas e
bichos.
Dança na chuva e alegra-se com o sol.
Cultuam a Lua como Deusa e lhe
faz celebrações.
Gente muito estranha essas Bruxas.
Falam de amor com
os olhos iluminados como par de lua cheia.
Gente que erra e reconhece, cai e se
levanta, com a mesma energia das grandes marés, que vão e voltam em uma
harmoniosa cadência natural.
Apanha e assimila os golpes, tirando lições dos
erros e fazendo redentores suas lágrimas e sofrimentos.
Amam como missão
sagrada e distribuem amor com a mesma serenidade que distribuem pão.
Coragem é
sinônimo de vida, seguem em busca dos seus sonhos, independente das agruras do
caminho.
Essa gente, vê o passado como referencial , o presente
como luz e o futuro como meta.
São estanhas as Bruxas!
Acreditam no poder do feminino, estão sempre fazendo da
maternidade a sua maior magia e através da incessante luta pela paz chegam à
divindade de existir pelo amor da Grande Mãe, a natureza.
Da mesma forma que
produzem um belíssimo visual, de elegância refinada com as raias da vaidade, se
vestem como verdadeiras Bruxas medievais a caminho do patíbulo.
Iluminam de
beleza e jovialidade o corpo físico com habilidade mágica e com facilidade
transforma-se, permitindo-se um sóbrio aspecto de velha senhora, dependendo da
lua nos seus espíritos.
Cultuam as sagradas tradições como forma de perpetuar
as leis que regem o universo, passam de geração para geração a fonte renovadora
da sabedoria milenar.
São fortes e valentes, ao mesmo tempo humildes e serenas.
São leoas e gatinhas, são muito estranhas as Bruxas.
Com a mesma habilidade que manuseiam livros codificados,
o fazem com panelas e vassouras.
São aventureiras e criam raízes, dançam
rock, valsa e polca, danças sagradas , e inventam o que precisa ser inventado.
Criam e recriam.
Contam contos e histórias de fadas , e carochinhas, contam
suas próprias histórias.
Falam de generosidade e buscam a plenitude como propósito.
Interessante essa gente, essas Bruxas.
Se obrigam em fazer tarefas, de evoluir, de amar e dividir, falam de desapego em plena metrópole
, em meio as tecnologias.
Cantam mantras e Músicas populares, mas se emocionam
com as folclóricas.
Mexem com ervas e chás, são primitivas e avançadas.
Pulam
da mesa do rei para um abrigo montanhês com o mesmo sorriso enigmático de
prazer e sabedoria que iluminava a face das suas ancestrais.
Degustam um pão
artesanal, receita medieval da velha senhora das montanhas com a mesma gula que
o fazem em um banquete cinco estrelas, com pães ultra sofisticados daquela
celebridade da cozinha francesa.
Amam em esteiras e em grandes suítes, desde
que estejam felizes, pois ser feliz é sempre a única condição dessa gente
estranha.
É gente que compra briga pela criança abandonada, pelo
velho carente pelo homem miserável, pela falta de respeito humano, é gente
que fica horas olhando as estrelas, tentando decifrar seus mistérios, e sempre
conseguem.
Gente que lê em fundos de xícaras, em bolas de cristal, com
pedras, na areia, nas nuvens, no fogo, no copo d’água, são muito estranhas!
Oram para elementos, anjos e gnomos.
Falam com
intimidade com os Deuses e lhes chamam para um círculo, fazem fogueiras e
dançam em volta.
Viajam de avião, a pé, de carro e em lombos de animais,
agradecendo pelas oportunidades que a vida lhes dá,aliás, essa gente
estranha agradece por tudo, até pela dor, que chamam de mãe, pois acreditam que
é a forma mais rápida para a evolução.
Se reúnem em escolas iniciáticas para mutualmente se bastarem, se protegerem e se resguardarem, resgatar valores,
estudar, muito estranhas são as Bruxas.
Mas estranha mesmo é a fé que as mantém
vivificadas ao longo de cinco mil anos.
Que seja abençoada toda essa gente estranha, e desconfio que é deste tipo de
gente que precisaremos para o terceiro milênio.
Texto da Oficina da Bruxa
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