Alimentos Orgânicos
A cada dia ouvimos falar das propriedades terapêuticas
dos alimentos orgânicos, recomendados pelos médicos, nutrólogos, e até a mídia
escrita e falada e as redes sociais.
Sem dúvida nenhuma os alimentos sem os agrotóxicos são
melhores para a nossa saúde.
Trabalhei durante um tempo com pesticidas e sei o
quão danoso eles podem ser.
Atualmente se tornou um modismo benéfico, com certeza, mas
ainda está longe de ter um preço compatível com o orçamento da maioria da população,
então só nos restou consumir os alimentos comuns, visto que os orgânicos
pertencem a uma classe especial.
Lembrei-me da infância que tive, de família muito simples
consumi produtos orgânicos na adolescência, ou melhor, até o inicio da minha
carreira como profissional ,pois daí em diante fui viver viajando por esse
mundão conforme as empresas me enviavam e minha mãe já não arrumava minha mala
com os produtos orgânicos.
Em nossa casa tínhamos uma galinha que botava um ovo por
dia e minha mãe colhia e fazia uma omelete, sim com apenas um ovo, para a família,
éramos seis pessoas. Até hoje sei fazer igual ,pois tem um segredo para ficar
como um suflê e render tanto . Tínhamos tomate, pimentão couve, salsa, cebolinha
para complementar a alimentação diária plantados no quintal.
Para beber suco de limão, do nosso limoeiro, lima da
Pérsia como sobremesa ou mamão, também suco de uva apanhados da parreira, linda
com suas uvas verdes e vermelhas.
Para agradar os vizinhos e parentes, meu pai apanhava
centenas de laranja azeda, própria para fazer compotas, duas árvores, e esse
doce é muito trabalhoso, pois tínhamos que descascar as laranjas, tirar o miolo
deixar uma semana em baldes de água trocando várias vezes ao dia para retirar o
amargo da laranja. Quando a compota ficava pronta distribuímos para os vizinhos
e parentes, pessoas simples como nós.
Quando minha mãe fazia queijo da nata do leite, meu pai
“inventava” de fazermos centenas de pastéis, tudo natural. Levantávamos cedo, a
mãe amassava a massa e nós tínhamos que fazer centenas deles recheados de
queijo. Também era distribuído para os vizinhos e parentes. Ficava realmente fantástico,
era uma festa. Eu e minha irmã gêmea que fazíamos. Naturalmente tinha mais “vento”
que pastel, mas só a massa valia à pena.
Tudo natural.
Fotografia por Lucia Marina Rodrigues |
Quando eu me sentava no quintal para ler, minha mãe ia sentar na grama junto a mim,
ela descascava cana para eu chupar, pois sabia
como eu gostava, mas detestava descascar. Que delícia aquela cana apanhada na hora.
Durante o ano inteiro meu pai engordava um porquinho para a
véspera de Natal, levantávamos de madrugada e meu irmão Walter matava o porquinho,
que foi alimentado com sobras de nossa comida. Até ele comia só orgânicos.
Do porco tudo era aproveitado, da cabeça aos pés. Lembro-me
que fazíamos banha de porco, pão de torresmo e outras “coisitas”. Era bom
demais e sempre dividindo com outros, pois sempre alguém tem menos que nós ,não
importa o pouco que temos, sempre existiu e existirá o menos afortunado.
Para terminar, o adubo que meus pais usavam era estrume
de cavalo. Quando passava algum cavalo enfrente de casa meu pai dizia: corra, peque
uma pá e vá recolher o “adubo”.
Sinto muita falta de comer os legítimos alimentos orgânicos e desde a infância fomos educados a ser ecologicamente corretos.
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